A magia social do performativo e os ciganos como seres fantásticos.

A representação incutida no imaginário social acerca do que é um cigano foi em boa parte disseminada através de obras de arte literárias que expressam dois tipos-ideais da “ciganicidade”, figurando estes sujeitos ora como “marginais” e “imundos” -, ora como “festeiros” e “misteriosos”. O trabalho qu...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Casagrande Cichowicz, Ana Paula
Format: conferenceObject
Language:por
Published: 2016
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/11086/2392
Description
Summary:A representação incutida no imaginário social acerca do que é um cigano foi em boa parte disseminada através de obras de arte literárias que expressam dois tipos-ideais da “ciganicidade”, figurando estes sujeitos ora como “marginais” e “imundos” -, ora como “festeiros” e “misteriosos”. O trabalho que venho propor para o eixo temático “Poéticas e Políticas de la Performance”, parte de uma pesquisa etnográfica realizada no Brasil junto com ciganos nômades rom-kalderash, na qual tinha por intuito ouvir o que estes sujeitos tinham a dizer sobe eles mesmos. Contariam estórias nas quais seriam personagens? De que modo estas estórias eram contadas? E estas, seriam importantes para o modo como os ciganos se construíam como “sujeito-rom”? Não mais as narrativas literárias grafadas em livros, mas as performances narrativas de um povo ágrafo. Entretanto, antes de pensar as performances narrativas, tornou-se necessário discorrer sobre a noção de “espaço”, devido ao fato de que o modo como os rom vivenciam e praticam os espaços por onde passam em suas “eternas” caminhada sem começo e sem fim, é fundamental para entender o contexto nos quais as narrativas ocorrem, que por sua vez é basilar na compreensão do evento performático. Assim sendo, no interior de um campo fenomênico de transformação de “espaço geográfico” em “espaço antropológico”, as “estórias de viagens” performatizadas pelos rom-kalderash reelaboram os tipos-ideais expostos pela literatura ficcional e são basilares no modo como os kalderash constroem-se como sujeitos rom, ou seja, como “sujeitos fantásticos”. Gostaria de frisar, do mesmo modo, que tais performances narrativas nos permite pensar performativo como sendo um espaço de resistência e confrontação política no interior dos discursos dominantes, seguindo aqui Butler e Derrida e, igualmente, nas “estórias de viagem” kalderash como um ato de insurreição destes “sujeitos fantásticos”.